Uma data que vai ficar marcada para os corinthianos, por dois fatos. Por triste coincidência, no mesmo dia em que o clube viria a conquistar o seu 5º título de Campeão Brasileiro, um de seus maiores ídolos, Sócrates (o Doutor, o Magrão), faleceu às 4:30h com 57 anos de vida.
Mas não vou falar sobre o título neste texto e nem discorrer sobre a carreira deste "cracasso" do futebol.
Minha homenagem ao Magrão se resume em reconhecer nele um cara de caráter, de princípios, um cara realmente diferenciado.
Seus comentários sobre o futebol e a sociedade se aproximam muito dos meus. Apesar de discordar de algumas colocações suas, no geral, sempre mostrou ser um cara coerente. Por sua inteligência, fez jus ao seu nome de registro civil.
Não se encostou no abrigo podre dos dirigentes do futebol e dos políticos, que o queriam como aliada apenas como forma de cooptação e exploração de sua imagem.
Foi mentor na consolidação da Democracia Corinthiana, juntamente com outros atletas como Wladimir, Zenon e Casagrande. Levou sua profissão (médico) a sério e só se tornou jogador profissional se os seus estudos lhe fossem garantidos. E participou do movimento pelas Diretas no Brasil dos militares.
Enfim, um cara consciente, de esquerda, com inclinação socialista.
O punho direito erguido foi repetido pelos jogadores do seu clube de coração antes do jogo contra o arqui-rival, o Palmeiras. Aliás, essa foi a única coisa bonita que o time conseguiu fazer nesta tarde no estádio do Pacaembu.
Era um dos críticos ferrenhos da roubalheira chamada "Copa do Mundo de 2014". Mas agora, não estará mais aqui para nos ajudar a esclarecer o que será feito no Brasil.
Talvez a vida quis poupar-lhe desta tristeza, afinal de contas, nós que somos contra a essa roubalheira premeditada, não poderemos impedi-la. Quanto a isso, eu não me engano, Doutor.
Vá em paz, Magrão.
Lá se foi um grande jogador, uma grande pessoa...
Lá se foi "um eterno aprendiz." (Sócrates sobre ele mesmo)
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Tocando instrumentos clássicos no campo do Parque São Jorge. Da esquerda para direita: Sócrates, Casagrande, Zenon e Biro-Biro. |
Nicholas Moreno
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